Sempre o Criciúma: Tigre está nos momentos cruciais da carreira de Baier
A carreira como profissional começa para valer no Criciúma. E deve terminar no Criciúma. Paulo Baier tinha 23 anos quando vestiu pela primeira vez amarelo, preto e branco. Estas são as cores que defende quando chega aos 40 anos, neste sábado, na sua terceira e provável última passagem pelo Heriberto Hülse. Mesmo quando esteve fora do estádio criciumense, o clube aparecia no seu caminho, como no 100º gol na era dos pontos corridos do Campeonato Brasileiro - hoje são 106 gols, que lhe garantem o posto de recordista. Não dá para negar:
- O clube está sempre próximo de mim.
A saída de Ijuí (RS), sua cidade natal, ocorreu com um empurrãozinho de Edmílson Mondardo, jogador em fim de carreira que dividia o gramado com o então Paulo Cesar, no São Luiz. O colega era chamado de Edmílson Criciúma pela sua origem, e ele adquiriu o passe do então lateral-direito para ter quitada a dívida do clube gaúcho com ele. Fez um esforço para que o Tigre visse o lateral com 23 anos.
Vi que ele tinha a condição de crescer muito, mas percebia que ali não ia ter uma sequência
Edmílson Mondardo, que levou Baier de
Ijuí ao Criciúma
Ijuí ao Criciúma
- Vi que tinha talento e condições de seguir no futebol. Na época o São Luiz precisava de jogadores mais fortes, pesados e de marcação forte para a lateral direita no futebol gaúcho. Ele não tinha essas características, era mais técnico e leve, e por isso não era tão aproveitado. Vi que ele tinha a condição de crescer muito, mas percebia que ali não ia ter uma sequência. Estava no fim do meu contrato, e o clube com dificuldade nas finanças. Então fiz um acordo em que tinha a participação no passe do atleta. Foi assim que consegui trazê-lo para Criciúma, sou natural daqui. Fiz um amistoso entre o São Luiz e Criciúma, em 1997, montei para que o vissem jogando, ninguém tinha conhecimento sobre ele. Consegui trazer o Paulo, e assim ele começou a despontar. Foi um dos destaques do clube naquela época – lembra Mondardo.
Em solo carvoeiro experimentou o gosto da primeira vez. Entre 1997 e 1998 conquistou o título do Catarinense no segundo ano de contrato, jogou na primeira divisão nacional e fez o primeiro gol na competição – antes da era dos pontos corridos. Foi em outubro de 1997, ao marcar o segundo no 2 a 0 sobre o Bahia, bem antes de ser conhecido como Paulo Baier.
Ex-colega de Criciúma, Paulo Cesar foi responsável pela mudança de nome de Baier,
em 2002 (Foto: João Lucas Cardoso)
em 2002 (Foto: João Lucas Cardoso)
- Nunca tinha disputado um Brasileiro, era a primeira vez. O Sérgio Cosme era o treinador – recorda Baier, hoje o maior artilheiro dos pontos corridos.
Então Paulo Cesar deixou o Criciúma para defender Vasco, Botafogo, Atlético-MG e outros times até retornar ao Heriberto Hülse para virar Paulo Baier. Foi quando a carreira mudou. Em virtude de um companheiro que também se chamava Paulo Cesar, adotou o novo sobrenome e se consolidou lateral-direito com faro de gol. Fez três na final que rendeu ao clube o título da Série B de 2002 e faria o seu primeiro dos mais de 100 na era dos pontos corridos no ano seguinte. Foi em uma derrota para o Atlético-PR, por 5 a 2, na sexta rodada do Campeonato Brasileiro.
Uma década depois chegaria ao 100º, e o Criciúma estaria novamente envolvido. Em partida com os mesmos times do primeiro gol, mas com outra camisa, Paulo Baier chegou ao tento consagrador. No ano passado, no Heriberto Hülse, foi ovacionado pelo torcedor carvoeiro pelo tiro forte e certeiro para bater o goleiro Galatto. Seu time perdeu, mas Baier nunca vai esquecer a noite de 13 de novembro de 2013 (veja no vídeo abaixo).
- Desse dia vêm na lembrança o gol e o aplauso do torcedor. O jogo fica em segundo plano. Lembro que não comemoro, e vem o Roger perguntando: “Posso te levantar, Paulo, posso?”. Disse que podia e quando ele me levanta vejo o estádio me aplaudindo. O Criciúma estava numa situação tão difícil, a torcida tinha que vaiar e não aplaudir, porque se fazemos 2 a 2 depois, o Criciúma teria caído. Fiquei triste porque vínhamos com o propósito de vencer, não sabia na época que iria voltar ao Criciúma. Por outro lado, fiquei contente de o Criciúma ter permanecido.
E a permanência do Tigre na Série A do Campeonato Brasileiro de 2013 para 2014 tem o pé direito de Baier. Na última rodada da competição, o clube catarinense dependia de resultados para se garantir na elite nacional. Entre eles, que o Atlético-PR vencesse o Vasco. O meia abriu o caminho para a vitória por 5 a 1 que assegurou o time catarinense na primeira divisão. Além do Furacão, o meia queria o triunfo para ajudar o time que o projetou ao país.
- Ganhamos do Vasco em Joinville, e fui o melhor em campo. Por baixo estava a camisa do Criciúma, porque sabia da dificuldade da equipe. Se a gente perdesse aquele jogo, de repente o Criciúma cairia, e a gente talvez não conseguisse a vaga na Libertadores. Pena que deu o que deu, aquela briga. Em relação ao jogo, foi ótimo para o Atlético-PR e muito melhor para o Criciúma.
Paulo Baier em ação na terceira passagem pelo Criciúma (Foto: Getty Images)
O Tigre ganhou pelo menos mais um ano na primeira divisão. Foi o bastante para que o jogador que a torcida tem como ídolo pelo jogo da final da Série B em 2002 voltasse ao clube pela terceira vez. Prestes a completar 40 anos, Baier desfruta dos últimos momentos como atleta, jogos, concentração e treinamentos. No entanto, não voltou ao Criciúma apenas para saborear o fim da carreira. Quer cumprir o objetivo e deixar de ser jogador aos 41 anos.
- Por isso quero que a gente permaneça, me vejo em condição de jogar mais um ano. Se der certo, quero jogar mais um ano, ficar no clube, encerrar a carreira no Criciúma. Seria muito bacana terminar bem, permanecer, jogar mais um ano e encerrar a carreira. Queria terminar no ano que vem. O Criciúma realmente sempre esteve muito próximo. Vamos terminar o ano, pensar e ver quando parar.
Fonte:Globoesporte.com
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