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MAIS DE 370 PESSOAS ESTÃO NA FILA DE ESPERA POR TRANSPLANTE DE ÓRGÃO NA PB

Atualmente, na Paraíba, existem 374 pessoas aguardando na fila de espera por um transplante de rim. Desse total, 360 moram em Campina Grande e 14 em João Pessoa. O procedimento é feito somente em Campina Grande, no Hospital Antônio Targino. A expectativa é que a partir deste ano passem a ser feitos, também, transplantes de fígado. Em 2010, na Paraíba eram feitos de 10 a 15 transplantes de rim por ano. Após a implementação do Instituto Social de Assistência à Saúde (ISAS), em Campina Grande, esse número cresceu para mais de 50 intervenções anualmente.
O médico e coordenador do Departamento de Transplantes do Hospital Antônio Targino, Rafael Maciel, é um dos responsáveis pelo aumento no atendimento de pessoas que necessitam se submeter a um transplante. Ele comemorou o crescimento de ocorrências, teceu elogios a sua equipe, mas reconhece que é preciso que haja uma campanha intensificada, por parte dos poderes públicos, para que as pessoas possam mudar a cultura e passem a incentivar a doação de órgãos no seio familiar.
O profissional alertou que a Paraíba se encontra no último lugar na quantidade de doações, com uma média anual de 1,8 doador por milhão de habitantes. A média brasileira é de 13,2 doadores por milhão de habitantes.
“A partir de 2010 houve uma profissionalização considerável aqui em Campina Grande e o número de transplantes de rim aumentou consideravelmente. Este ano, começaremos a fazer transplantes de fígado. A média em Campina Grande é de 5,8 doadores por milhão de população. Infelizmente, falta uma estratégia dos poderes públicos e campanhas publicitárias para incentivar a doação.
Chegamos a receber órgãos de outros estados, por não sermos capazes de suprir com a nossa demanda. Precisamos mudar esse quadro, o mais rápido possível”, afirmou o médico Rafael Maciel.
De acordo com a diretora da Central de Transplantes da Paraíba, Gyanna Lys Montenegro, não há como saber quantas pessoas se declaram doadoras no Estado, porque não é mais obrigatório colocar essa informação em documentos oficiais. “Quem decide pela doação, após a morte, é a família. Portanto, é importante que a pessoa expresse aos seus parentes a sua vontade expressa de ser doador de órgãos”, esclareceu.
A Lei nº 10.211 de 23 de março de 2001 dispõe sobre a remoção de órgãos, tecidos e partes do corpo humano para fins de transplante e tratamento. O artigo 2º esclarece que “a realização de transplantes ou enxertos de tecidos, órgãos e partes do corpo humano só poderá ser autorizada após a realização, no doador de todos os testes de triagem para diagnóstico de infecção e infestação exigidos em normas regulamentares expedidas pelo Ministério da Saúde.
Ainda de acordo com a lei, “as manifestações de vontade relativas à retirada 'post mortem' de tecidos, órgãos e partes, constantes da Carteira de Identidade Civil e da Carteira Nacional de Habilitação, perdem sua validade a partir de 22 de dezembro de 2000.
Com relação à doação voluntária de medula óssea, a regulamentação está disposta através das portarias de número 1.313 até 1.317 de 30 de novembro de 2000. O Registro Brasileiro de Doadores de Medula Óssea (Redome) foi criado com o objetivo de facilitar o encontro de doadores compatíveis.
Para se cadastrar no Redome, é preciso determinar o seu tipo de Medula Óssea a partir de um exame de sangue para identificar o Complexo Principal de Histocompatibilidade - tipagem HLA. 
Para ser doador de medula óssea é necessário ter entre 18 e 55 anos e estar em bom estado geral de saúde, preencher o termo de consentimento e autorização para a realização dos exames, comparecer ao Hemocentro para a coleta de sangue para exames de histocompatibilidade e ser cadastrado no Redome. As pessoas interessadas em ser doadores voluntários podem entrar em contato com a Central de Transplante da Paraíba, através dos telefones (83) 3244-6192 e 3225-6409.
À espera de um transplante
O agricultor José Diomedes de Sousa, 39 anos, mora na cidade de Pedra Lavrada, interior da Paraíba, com a esposa Ijane Santos Silva, 28 anos, e seis filhos: três meninos e três meninas. A caçula se chama Maria Clara e tem 4 anos. Morador do Semiárido, José Diomedes nunca mediu esforços para obter o sustento da família e tentar dar um futuro promissor para os seus dependentes. Porém, no início do ano passado, um acontecimento abalou emocionalmente o homem acostumado a enfrentar as dificuldades da vida. Sua filha mais nova começou a apresentar alguns problemas de saúde. Surgiram manchas roxas na pele, problemas nos dentes e na gengiva. Preocupados com o quadro clínico da menina, os pais procuraram atendimento médico no Hospital Universitário Alcides Carneiro (HUAC) em Campina Grande. Após a realização de exames, o diagnóstico apresentado foi de leucemia.
A partir daquele momento, a rotina da família mudou e todos os esforços foram feitos para que Maria Clara pudesse vencer a doença, com a ajuda da equipe médica e o amor incondicional dos familiares. A menina que era a alegria da casa, cheia de vida, amorosa e brincalhona, passou a permanecer mais tempo no hospital do que em casa. O setor de oncologia do HUAC, onde a criança permanece internada, tenta simular o ambiente de um quarto infantil, com pinturas nas paredes, cheias de personagens de desenho animado e brinquedos, que fazem o tempo passar mais rápido. As cores são usadas para tentar disfarçar o clima de apreensão e angústia dos familiares, que diariamente realizam vigílias no local. O olhar dos pais reflete a mistura de vários sentimentos. As crianças internadas, mesmo em meio a tantos dissabores, ainda conseguem encontrar um espaço no coração para expressar sorrisos durante as brincadeiras improvisadas.
As sessões de quimioterapia foram iniciadas em julho do ano passado e desde então os pais de Maria Clara se revezam em turnos diferentes. José Diomedes chega ao hospital pela manhã, às 6h, e permanece até as 15h, horário da visita. A família sempre comparece. Tios, tias, primos, primas se solidarizam com Maria Clara, que continua firme na sua batalha pela vida. À noite, a mãe - Ijane Santos - acompanha a criança. Após os primeiros meses de tratamento, o nome da menina foi incluído na lista de espera da Central de Transplante da Paraíba, para aguardar um doador compatível de medula óssea. Só que no início de dezembro, depois de realizado o teste de compatibilidade, foram encontrados dois possíveis doadores entre os familiares da criança. Um tio e uma tia se mostraram habilitados para a nobre iniciativa.
Os meses de sofrimento e angústia deram lugar à esperança e confiança de que dias melhores estão por vir. “Graças a Deus, estou muito contente. A gente vem sofrendo esse tempo todo por causa desse problema que apareceu em nossa filha, mas agora temos esperança de que tudo dará certo. Eu não tenho mais tempo nem condição de trabalhar. Vivo em função dela, para que com a ajuda dos médicos e as graças do Pai Celestial, ela volte a ter uma vida normal, como as outras crianças da sua idade. Meus familiares e os parentes da minha esposa têm nos ajudado bastante. Não nos falta nada. Um ajuda com comida, outro com as despesas e agora com essa notícia de que deu certo o teste de compatibilidade com um tio e uma tia dela. Agora é só continuar as nossas preces para que a gente possa voltar a sorrir”, falou o pai de Maria Clara, José Diomedes de Sousa.
O procedimento cirúrgico ainda não tem data para acontecer.
Depende de como Maria Clara reagirá ao tratamento. Assim que ela estiver com as condições ideais, o transplante acontecerá na capital de Pernambuco, Recife. O pedido de toda a família da criança é que este ano comece com o maior presente que eles podem receber: a cura da menina que mesmo com tão pouca idade, já precisa enfrentar as dificuldades que a vida impõe. Como o Estado atualmente realiza apenas transplantes de rim, Maria Clara será submetida à intervenção cirúrgica fora do Estado.
Quem necessita de um transplante de medula óssea na Paraíba deve ser encaminhado por um médico hematologista, para outro estado, através do Tratamento Fora do Domicílio (TFD). Os transplantes são feitos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e o paciente ainda recebe ajuda para a locomoção e permanência.
Histórico dos Transplantes no Brasil
A atividade de transplante de órgãos e de tecidos, no Brasil, teve início nos anos 1960, nas cidades do Rio de Janeiro e de São Paulo, com a realização dos dois primeiros transplantes renais do país. Já o primeiro transplante de coração foi realizado em 1968, em São Paulo.
Desde então, os transplantes no Brasil evoluíram consideravelmente no que se refere às técnicas, aos resultados, à variedade de órgãos transplantados e ao número de procedimentos realizados. Embora vigorasse a Lei nº 5.479, de 10 de agosto de 1968 (posteriormente revogada pela Lei nº 8.489 de 18 de novembro de 1992), que dispunha sobre a retirada e o transplante de tecidos, órgãos e partes do corpo para finalidade terapêutica e científica, não havia, neste período, uma legislação apropriada que regulamentasse a realização desta atividade.
Visto que grande parte dos procedimentos realizados era financiada por recursos públicos e que se aprofundava o entendimento de que os órgãos captados eram “bens públicos”, cresceu, na sociedade brasileira, entre os gestores do SUS e na própria comunidade transplantadora, o desejo de regulamentar a atividade, criar uma coordenação nacional para um sistema de transplantes e definir critérios claros, tecnicamente corretos e socialmente aceitáveis e justos, de destinação dos órgãos.
Em 1997 foram publicados a chamada Lei dos Transplantes (Lei nº 9.434, de 4 de fevereiro de 1997), cujo objetivo era dispor sobre a remoção de órgãos, tecidos e partes do corpo humano para fins de transplante, e o Decreto nº 2.268, de 30 de junho de 1997, que a regulamentou e instituiu, no âmbito do Ministério da Saúde, o Sistema Nacional de Transplantes (SNT). (Fonte: Ministério da Saúde)
Com Jornal da Paraíba

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