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Jogadores consagrados, apostas e jovens da base: a receita do líder

LARGO TUDO -  Dede Cruzeiro 480 (Foto: Editoria de Arte)Foi num domingo, 18 de novembro de 2012, no Engenhão. A derrota do Fluminense para o Cruzeiro por 2 a 0 não incomodou a torcida tricolor, que comemorava o título brasileiro conquistado na rodada anterior. Mal sabiam eles que ali nascia o time que está prestes a suceder o clube carioca no posto de campeão nacional. No intervalo daquele jogo, num camarote do estádio, o diretor de futebol da Raposa, Alexandre Mattos, conversou rapidamente com o empresário Eduardo Uram e deixou acertada a chegada de Diego Souza. Era a primeira das mais de 20 contratações da equipe para 2013. Uma equipe inicialmente pensada para brilhar em 2014 antecipou-se às previsões mais otimistas e pode conquistar o Brasileirão já neste domingo (assista ao vídeo acima), em caso de vitória sobre o Grêmio e tropeço do Atlético-PR diante do São Paulo.
Clube gastou R$ 40 milhões, valor investido pelo Corinthians apenas em Pato
Dos 11 titulares do time-base do técnico Marcelo Oliveira, sete chegaram ao Cruzeiro este ano. Foram 40 milhões de reais investidos na temporada, mesmo valor gasto pelo Corinthians para contratar Alexandre Pato. Na receita do sucesso, o ingrediente principal foi o equilíbrio entre nomes consagrados, jovens de algum destaque no cenário nacional e  jogadores revelados nas divisões de base do clube.
Em abril deste ano, Alexandre Mattos embarcou para o Rio de Janeiro com uma ordem do presidente Gilvan de Pinho Tavares: só volte a Belo Horizonte com o Dedé. A negociação se arrastou por mais de uma semana. Mesmo diante da concorrência de Corinthians e clubes europeus, o Cruzeiro pagou R$ 14 milhões ao Vasco e acertou a contratação mais cara de sua história.
Destaque do Vasco e convocado constantemente para a seleção brasileiro, Dedé se encaixava na categoria de jogador consagrado e chegou para arrumar a defesa cruzeirense. O técnico Marcelo Oliveira, também contratado no fim de 2012, revela a estratégia para a montagem da equipe nesta temporada.- O Alexandre foi com uma mala e ficou dez dias. Entre uma reunião e outra, ele ia ao shopping comprar roupa. Nesses dez dias, largamos tudo e ficamos por conta. Uma reunião atrás da outra. O Alexandre era muito empenhado, dedicado, e falava sempre: não vou embora sem o Dedé - conta o ex-jogador Giuliano Aranda, o Magrão, um dos empresários do zagueiro.
- Nós, desde o início, planejamos três pilares. Primeiro, trazer jogadores da base que foram muito bem na Taça São Paulo e no Campeonato Brasileiro sub-20. Eu acompanhei e mandei um profissional para olhar os jogos. Esses se destacaram, e realmente estão ajudando. Um outro grupo é dos jogadores que se destacaram no Brasil, nas Séries A e B, e que ainda não são consagrados. É o caso do Éverton Ribeiro, do Goulart, do Lucca. E o terceiro grupo é de jogadores já com qualidade comprovada, com mais experiência. Achamos que essa composição seria muito boa, e realmente deu muito certo.
- Jogadores consagrados: Dedé (Vasco), Júlio Baptista (Málaga) e Dagoberto (Internacional)

- Jovens de destaque nas Séries A e B: Éverton Ribeiro (Coritiba), Ricardo Goulart (Goiás), Egídio (Goiás) e Lucca (Criciúma)

- Jogadores da base: Mayke, Lucas Silva, Alisson, Vinícius Araújo e Wallace
Além dos jogadores que se encaixam na lógica mercadológica das contratações celestes, há os que se chegam ao clube em razão de alguma determinada característica observada pela comissão técnica.
- A gente pode colocar alguns pilares no futebol moderno. O que é preciso ter para atingir sucesso: velocidade; qualidade de bola aérea defensiva e ofensiva; força, principalmente no meio-campo; agressividade dos atacantes. E o Cruzeiro construiu isso. O time do Cruzeiro tem muita qualidade, é um time de muita força, é muito bom na bola aérea, é um time que agride muito, é muito intenso. E esse foi o perfil dos jogadores. O Cruzeiro soube mostrar para cada um dos jogadores qual era o ganho de vir jogar em uma camisa tão tradicional - diz Alexandre Mattos.
Os gigantes
A maior deficiência observada no time do Cruzeiro em 2012 foi a bola aérea. Força e bom cabeceio se tornaram características prioritárias para a montagem do time em 2013. Uma peça fundamental nesse quesito, no entanto, quase não foi contratada.
- O Nilton, quando eu saí do Vasco, pensei que, se tivesse uma oportunidade, ia levá-lo. Quando surgiu o nome dele, e estávamos prestes a contratar, o presidente do Cruzeiro ligou perguntando se eu achava mesmo que necessitava do Nilton, pois já tinha alguns jogadores da posição. Eu forcei bastante essa contratação, pois achava que o Nilton tem um grande potencial. Felizmente deu muito certo. Esperamos que ele possa melhorar ainda mais e nos ajudar - revela Marcelo Oliveira.
nilton cruzeiro (Foto: Gabriel Medeiros)Nilton caiu rapidamente nas graças dos torcedores
cruzeirenses (Foto: Gabriel Medeiros)
Nilton e Dedé chegaram para ser titulares e personagens importantes na bola aérea do Cruzeiro. Outro jogador importante pelo alto chegou de forma mais discreta, mas também se revelou decisivo. Bruno Rodrigo acertou com o Cruzeiro após uma longa negociação. Além do interesse de um clube da França, o Santos queria renovar o contrato do jogador, que passou três anos na Vila Belmiro como reserva.
- Quando o Bruno destacou pela Portuguesa, ele foi disputado por três grandes de São Paulo. O Santos levou a melhor. Mas, logo que ele chegou na Vila, sofreu uma lesão na coluna. Quando voltou, se machucou de novo. Neste tempo, o Santos foi campeão da Libertadores, e o Dracena e o Durval se estabeleceram - afirma o empresário do jogador, Bruno Paiva.
Velocidade e agressividade
O ano que está prestes a terminar com o título brasileiro começou com a perda do principal jogador do time. Em janeiro, o Cruzeiro negociou o meia Montillo com o Santos. No entanto, ele foi rapidamente substituído. Um dia depois da saída do argentino, o clube anunciou a contratação de Éverton Ribeiro.
Everton Ribeiro desembarque do Cruzeiro (Foto: Gabriel Duarte)Éverton Ribeiro substituiu Montillo à altura e se
destacou na temporada (Foto: Gabriel Duarte)
- As pessoas pegam a venda do Montillo como marco. E não é. Na verdade, o que nos tranquilizou da venda do Montillo é que, primeiro, foi um excelente negócio (6 milhões de euros mais o Henrique). Então, o Cruzeiro fez um grande negócio. Segundo, porque o Cruzeiro já estava muito organizado e planejado, tanto é que, logo após a venda, começaram a chegar contratações, que já estavam muito bem encaminhadas: Éverton, Goulart, Lucca, Nilton, Paulão, Bruno Rodrigo... Desejávamos que o Montillo estivesse aqui, até o momento em que havia a vontade do atleta e o preço pago. Assim o Cruzeiro definiu a venda. Mas o Cruzeiro vendeu porque já sabia internamente que teria reposição à altura - comenta Alexandre Mattos.
O técnico Marcelo Oliveira, responsável direto pela contratação de Éverton Ribeiro, ressalta o potencial do meia, que briga pelo posto de melhor jogador do Campeonato Brasileiro no Troféu Armando Nogueira.
- O Éverton, eu levei do São Caetano para o Coritiba e estava muito bem, era ídolo lá. No primeiro ano, ele ficou no banco, no segundo se tornou ídolo. O Ricardo Goulart, eu já tinha referência dele quando foi contratado. É assim que se forma. Nem sempre todos vão dar certo, mas a maioria aqui no Cruzeiro se destacou.
Chapéu no rival
A chegada de Goulart ao clube celeste, além de uma boa contratação, pode ser considerada uma contratação emblemática. Afinal, foi tratada pela torcida celeste como um chapéu no maior rival. O presidente do Atlético-MG, Alexandre Kalil, dava como certa a contratação do jogador, porém o Cruzeiro levou a melhor.
- Clubes grandes buscam atletas de ponta. Não tem que ficar se vangloriando e colocando como um chapéu, porque isso é corriqueiro. Ficou mais evidente este caso do Goulart, porque foi falado antes, que o jogador iria para Atlético-MG, Fluminense, São Paulo, e o Cruzeiro já tinha acertado com o atleta há um bom tempo. O Cruzeiro não praticou leilão - diz Mattos.
Fator sorte
No intervalo de Fluminense x Cruzeiro, aquela partida em que foi feita a primeira contratação do Cruzeiro de Marcelo Oliveira, Alexandre Mattos acertou a contratação de Diego Souza, que não caiu nas graças dos torcedores durante o primeiro semestre. Mas aí entrou em ação o fator sorte. No meio do ano, o Metalist demonstrou interesse no meia. Na mesma época, a diretoria do clube ucraniano avisou a Eduardo Uram  que não contava com Willian na atual temporada europeia. O empresário, que também representa Diego Souza, aproveitou a negociação para levar o meia à Ucrânia e ofereceu o empréstimo do atacante por um ano ao clube celeste, que aceitou de imediato.
- O Willian não estava no negócio no início. Quando já estava negociando o Diego, eles me comunicaram o interesse de negociar o Willian, por conta das vagas para estrangeiros. Na mesma hora, o Alexandre gostou, consultou o treinador e deu certo. Ele teve a sensibilidade de entender que o Willian era uma oportunidade - diz Uram.
O empresário conta que a negociação quase melou porque um atacante do time ucraniano se machucou, e a diretoria do Metalist resolveu ficar com Willian. Mas era tarde demais. O Cruzeiro bateu o pé e conseguiu o empréstimo.
Quando apareceu a possibilidade de trazer o Willian, eu vibrei muito, porque eu já o vinha acompanhando desde o tempo em que ele era do Atlético-PR. É um jogador técnico, moderno, que faz recomposição, e um excepcional caráter. Caiu muito bem"
Marcelo Oliveira
- Quando apareceu a possibilidade de trazer o Willian, eu vibrei muito, porque eu já o vinha acompanhando desde o tempo em que ele era do Atlético-PR. Depois ele foi para o Vila Nova, nos confrontamos na Série B e ele jogou muito bem. Depois no Figueirense, tentei levá-lo para o Coritiba, mas ele foi contratado pelo Corinthians. Então fiquei muito satisfeito, porque é um jogador técnico, moderno, que faz recomposição, e um excepcional caráter. Caiu muito bem e está nos ajudando muito - elogia Marcelo Oliveira.
Além dos sete titulares, vários outros contratados se destacaram nesta campanha quase vitorioso do Cruzeiro. Luan, em baixa no Palmeiras, chegou por empréstimo e foi importante no início do Brasileirão, quando Dagoberto estava contundido e Willian ainda não havia chegado. Souza, outro que não se acertou no Palmeiras, e Henrique, envolvido no negócio do argentino Montillo, foram titulares em várias partidas. Júlio Baptista, a última contratação do ano, embora ainda encare um período de readaptação ao futebol brasileiro, decidiu partidas importantes, como a vitória por 3 a 0 sobre o Botafogo, que marcou a arrancada do Cruzeiro para colocar vantagem na ponta da tabela.
Fonte:Globoesporte.com

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