EX-PADRE SUSPEITO DE ABUSO SEXUAL É PRESO, NO RIO GRANDE DO SUL
Foi preso na manhã desta terça-feira (9) o ex-padre João Marcos Porto Maciel, conhecido como Dom Marcos de Santa Helena, 74 anos. Ele é suspeito de abusar sexualmente de adolescentes. O religioso acabou detido pela Polícia Civil, em Caçapava do Sul, na Região Central, onde reside atualmente. Participaram da operação 11 agentes.
Os policiais encontraram Maciel no templo em que o suspeito fundou para receber menores de idade em vulnerabilidade social, na Estrada do Salso, no município. O religioso ficará preso temporariamente na Penitenciária Estadual de Caçapava do Sul. A detenção é válida por 30 dias, podendo ser prorrogável por mais 30. Os agentes também pretendem levar à delegacia dois monges que ajudam o ex-padre no templo, para que eles prestem depoimento. Foram apreendidos duas armas, computadores e mídias de informática.
Ele é apontado pela Polícia Civil como responsável por pelo menos seis abusos de adolescentes. Desses, quatro já teriam prescrito e outros dois teriam ocorrido entre 2010 e 2011. Em 2009, Maciel foi excomungado da Igreja Católica. Representantes dizem ter recebido denúncias de assédio, que não foram comprovadas. Mais tarde, Dom Marcos ingressou na Igreja Anglicana, de onde também foi afastado em 2011.
O caso
O nome e os supostos abusos de Maciel foram revelados pelo empresário Marcelo Ribeiro. Ele participou do coral de Dom Marcos na década de 80 e afirma que foi abusado sexualmente pelo religioso. “Quando eu tinha 11 para 12 anos em uma viagem, eu acordei com ele na minha cama. A partir daí os assédios começaram com beijos, com coisas, só que eu já era uma criança dominada por ele, eu já tinha uma obediência absoluta, isso facilitou o abuso sexual, que aconteceu dos 12 para 13 anos”, disse o empresário.
Em entrevista à reportagem da RBS TV, Dom Marcos negou ter cometido os abusos (veja o vídeo acima). “Ele não sabe o que dizer para impressionar as pessoas que o escutam. Sei que ele escreveu um livro que não li nem me interesso em ler. Diz tudo quanto é coisa que lhe vem a cabeça, e o papel aceita tudo o que se escreve. Ele pagando, já que certamente pagou pela impressão, pode dizer o que quer e pronto”, afirmou o religioso.
O advogado e músico gaúcho, Alexandre Diel, também afirma ter sido vítima do religioso na adolescência. “O primeiro abuso foi acontecer mais ou menos dois anos depois que eu já estava no coral, ele estava com um balde de roupa suja, e chamou para levar as roupas para lavar, desci e ele fechou a porta, baixou minhas calças. Essas ações se repetiram durante quase três anos”, disse Diel.
Dom Marcos negou novamente. “Pois é. É engraçado, [porque] eu nunca fui lavar roupas. Naquela época eu tinha minha mãe que fazia todo esse trabalho. Ela ia à lavanderia, eu raramente entrava lá”, afirma o investigado, acrescentando que mais de oito mil adolescentes já passaram pelo coral e tiveram aulas de música.
Redação com Globo.com
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